Exame toxicológico para motoristas profissional já é obrigatório

07-06-2017
Teve início nesta quarta-feira, dia 02, a obrigatoriedade dos motoristas profissionais fazerem o exame toxicológico de larga janela, o chamado teste de cabelo, que detecta o consumo ou não de drogas feito pelo menos 90 dias antes da coleta. Começa para os motoristas profissionais das categorias C, D e E na renovação, adição de categoria, admissão nas empresas e desligamento. Há mais de 20 anos nós do SOS Estradas lutamos pela redução de acidentes e exploração dos motoristas profissionais. São seres humanos que vivem em regime análogo a de escravos. Dormindo em cabines minúsculas, passando a maior parte do tempo longe da família, correndo riscos, comprometendo sua saúde. Por isso, consideramos importante que nossos companheiros de estradas reflitam sobre os pontos abaixo: 1) Embora seja compreensível que muitos motoristas começaram a usar rebite e depois drogas pesadas para suportar a jornada, é importante lembrar que a maioria dos motoristas tem as mesmas necessidades e não usa. Portanto, quem usa para suportar a fadiga deve largar as drogas ou buscar tratamento. Quem usa por irresponsabilidade, merece perder a CNH 2) Quem usa drogas para suportar a jornada está fazendo concorrência desleal com quem não usa e tem as mesmas contas para pagar. Pior, ainda contribui para baixar o frete pois aceita trabalhar em condições que só com rebite e cocaína suporta 3) Quem usa drogas coloca em risco sua saúde, sua vida e dos demais usuários de rodovias. Principalmente dos colegas de profissão que estão na estrada mais tempo que as pessoas comuns e correm mais risco. É caminhoneiro matando caminhoneiro 4) As empresas que não exploram seus motoristas e não toleram rebite e drogas estão sofrendo concorrência desleal daquelas que toleram e até incentivam como diversas matérias provaram 5) Comprovadamente quem usa drogas passa a manter relacionamento com traficantes. Portanto está próximo de ser seduzido para o mundo do crime. Seja transportando drogas escondido no meio da carga para pagar dívida de traficante, seja participando do roubo de cargas, veículos e outras ações criminosas. Muitos caminhoneiros são roubados pelos próprios colegas enquanto dormem. O viciado rouba em casa para sustentar seu vício porque não vai roubar na rua? 6) Quem usa drogas se envolve com mais acidentes. Morre mais e mata mais 7) Os policiais rodoviários federais e da maioria das polícias estaduais também tem que fazer o exame para ingressar nas corporações, logo, se quem fiscaliza tem que fazer, quanto mais quem é fiscalizado 8) Tem gente argumentando que tem que fazer operações de fiscalização tipo bafômetro. Esse tipo de operação pega muito pouca gente. Durante os feriados prolongados menos de 60 mil pessoas são fiscalizadas com teste do bafômetro nas rodovias brasileiras e pouco mais de 5% são flagradas sob efeito do álcool. No caso dos motoristas profissionais, nesse tipo de operação quem estiver usando drogas perde a carteira e fica 1 ano sem poder dirigir. Portanto, o motorista profissional fica sem condições de sustentar a família, paga multa de R$ 2.000,00, é demitido por justa causa, sofre um processo criminal e ainda tem que buscar tratamento sem trabalho 9) O exame de larga janela vai permitir um trabalho preventivo. O motorista sabe que terá que fazer um exame em determinada data e pode se preparar largando as drogas pelo menos 100 dias antes. Caso seja detectado droga no organismo, ainda pode fazer um novo exame 90 dias depois. No caso da fiscalização é 1 ano sem carteira e pronto. Nos EUA foi assim no começo. Os motoristas sabiam quando seria o exame e se preparavam, com o passar dos anos, foram submetidos também aos testes supresa 10) O exame vai beneficiar a segurança de todos os brasileiros que usam transporte público. Isto porque motoristas de ônibus, van, transporte escolar também tem que fazer o exame 11) Quanto ao custo do exame, bom, basta pensar quanto vale tirar do mercado quem faz concorrência desleal e contribui para baixar o frete e aumentar os acidentes. Além do mais 1 pneu custa mais de R$ 1 mil, pra citar apenas um item de manutenção bem mais caro que o exame 12) Os números são inquestionáveis. Nas rodovias brasileiras os caminhões e ônibus representam 5% da frota e estão envolvidos em mais de 40% dos acidentes com vítimas fatais 13) Quem está combatendo o exame são empresas que exploram os motoristas, maus embarcadores, órgãos públicos e entidades que estão envolvidas em negócios obscuros, sindicatos que vivem dos motoristas, maus profissionais que usam drogas e até médicos que vivem do problema e combatem a solução 14) Quem reclama que o frete é baixo deve olhar em volta e ver que é baixo porque a classe se deixa explorar. Quem paga mal é o dono da carga e frete não é significativo no preço de nenhum produto. A economia do baixo valor do frete vai para o bolso de quem explora os motoristas profissionais no Brasil 15) Os caminhoneiros começaram economizando na manutenção do veículo, deixando de manter o seu bruto nas condições ideiais, depois passaram a sacrificar a própria saúde, a colocar em risco sua vida e de terceiros. Muitos estão destruindo sua vida familiar. É preciso dar um basta nisso 16) Em todos os países onde os caminhoneiros estão vivendo melhor, ganhando mais e trabalhando menos, a melhoria das condições só ocorreu quando enfrentaram quem explora a categoria. Inclusive os pelegos, que fingem ser líderes sindicais e exploram a categoria. Está na hora de fazer uma faxina nos representantes da classe. Salvem-se os bons e porta da rua para os demais 17) Assistam o vídeo abaixo todo sobre as transportadoras americanas e vejam o que os bons empresários fizeram nos EUA. Existem muitas empresas sérias também no Brasil, elas também precisam de apoio. É a união dos bons profissionais, boas empresas e bons embarcadores que vai mudar a triste realidade que assistimos nas estradas 18) Por fim, o exame toxicológico é um atestado de bons antecedentes do bom profissional e deve ser usado com orgulho. Agora, não dá mais para ficar em cima do muro. É preciso separar o joio do trigo. 19) Não se iludam, as autoridades que quiserem adiar o exame são as mesmas que sempre estiveram ao lado dos que exploram a categoria e os motoristas profissionais em geral. 20) Podem adiar a aplicação das leis mas não adiam as mortes. Boa sorte e vida longa aos bons profissionais da estrada.