Custo elevado do frete impede deflação nos preços dos alimentos
O custo elevado do frete tem sido o principal entrave para que a deflação observada desde o início do ano nos produtos agropecuários no atacado seja repassada para o varejo, impedindo uma desaceleração mais contundente dos preços.
Segundo analistas, o cenário aponta para redução no custo dos alimentos, mas ainda insuficiente para aliviar o bolso do consumidor final. Isso porque o transporte foi afetado por variáveis perenes, como os aumentos do óleo diesel e a nova lei trabalhista para os caminhoneiros.
De acordo com a consultoria agrícola Economics FNP, o frete para o trecho de Cascavel (PR) a Paranaguá (PR) está em torno de R$ 75 por tonelada de soja ou milho. No pico da safra, em março e abril, o preço chegou a bater em R$ 100. Na mesma época de 2012, o valor foi de R$ 55, com pico de R$ 65, ou seja, a alta foi superior a 50%.
O diesel já sofreu dois reajustes este ano. Já a Lei do Descanso, em vigor desde o ano passado, estabelece que os motoristas têm de parar por 30 minutos a cada quatro horas trabalhadas, além de direito a intervalo mínimo de 11 horas a cada 24 horas. "Isso reduz o tempo que o caminhoneiro pode trabalhar. Portanto, é preciso mais caminhões para manter o mesmo fluxo. A lei é boa, mas gerou distorções num momento de grande necessidade de transporte", disse o sócio-analista da Agroconsult, André Debastiani.
Os preços no atacado dos produtos agropecuários acumulam queda 6,26% no ano, No entanto, apenas em maio os alimentos no varejo começaram mostrar arrefecimento mais forte, desacelerando a alta para 0,47% no IPCA-15, ante 1% no mês anterior. Caso tivessem sido repassados 30% da deflação dos preços agropecuários aos alimentos no varejo, a inflação anual poderia estar mais perto de 6%, e não rondando o teto da meta do governo, de 6,5% pelo IPCA.
Fonte: Correio Braziliense - 31/05/2013